terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Jekyll & Hyde



Vocês já ouviram falar da história de "O Médico e o Monstro"? Dr. Jekyll, um bom e velho camarada, após tomar um soro, consegue isolar sua segunda personalidade, Hyde, cruel em sua natureza.
Recentemente minha mania de falar sozinho tem piorado, e isso já não costumava ser bom sinal. Mas agora eu não falo literalmente sozinho, eu falo comigo mesmo no espelho: é bom pra liberar certas coisas, e tentar seguir meus próprios conselhos. Foi falando comigo mesmo, no espelho, que eu me lembrei de uma cena da peça "Jekyll and Hyde" onde o médico e o monstro conversam entre si, através do espelho. Não era uma conversa particularmente amigável: Jekyll insiste em tentar encontrar a cura para sua condição, e Hyde diz que os dois são inseparáveis, e que mesmo que Jekyll morra, o monstro viverá para sempre.
Eu descobri, conversando com o espelho, que eu tenho meu próprio Hyde, esperando pra acontecer. Se eu não ouvia meus próprios conselhos, talvez ouvisse minhas próprias ameaças. É um cara aterrorizante que botou o dedo no meu nariz e me disse que tudo aquilo que eu já consegui tudo o que precisava, mas não estou nem perto daquilo que eu quero, e que se Jekyll não consegue consertar minha vida, talvez Hyde consiga. E ele me pedia, do outro lado do espelho, pra sair. Pra sair e resolver tudo.
Mas Hyde é tão diferente de Jekyll. Ele não lutou por aquilo que as pessoas queriam, ele não melhorou a vida delas, e ele provavelmente deixaria a maioria delas na mão. Mas talvez, e eu não nego essa possibilidade, talvez a vida dele fosse um pouco mais satisfatória. Talvez ele poderia ter aquilo que quer, sem que o mundo tirasse isso dele. Vou tentar ser o Dr. Jekyll por mais um tempo.
Além do mais, eu não tenho o tal soro. Ainda.

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