domingo, 22 de novembro de 2009

Redenção

De uma maneira um tanto feliz, eu aprendi algumas coisas interessantes no decorrer dos últimos meses. A primavera se dirige para seu último mês e a grama da UFV parece um pouco mais verde a cada dia. As noites ficam mais curtas, e os dias ficam mais longos.
Essa nova face do mundo a que fui apresentado, agora, parece menos amigável graças a uma valiosa lição que recebi: para que alguém tenha aquilo que quer, alguém tem que perder. Ora, eu mais do que ninguém deveria saber que tudo precisa de um equilíbrio, e aquele que tem medo de vencer sempre vai perder.
Digo isso porque acabei assistindo um amigo passar por praticamente a mesma coisa que eu um dia passei, e precisando da mesma ajuda que eu achei que deveria ter recebido. E não havia, nem provavelmente haverá, nada que eu possa fazer.
E o mundo vai fazer isso com aqueles que não forem capazes de obter por si mesmos aquilo que desejam, de alcançar aquilo que só tinham forças para tentar uma vez. E não digo isso pelo meu amigo, nem por mim. Digo por uma pessoa muito especial que algumas vezes eu deixei de valorizar, por simplesmente exigir muito mais do que ela é capaz de me oferecer - ou de oferecer a qualquer outro. Eu percebi que não tenho a melhor irmã do mundo, mas é exatamente a que eu precisava ter. E essa completude, essa sensação estranha e maravilhosa de que tudo acabou acontecendo como devia, me acendeu uma chama para o futuro. Nós nascemos no mesmo lugar, e fomos criados no mesmo lugar, mas nossa diferença, ao meu ver, pode realmente ter nos completado, ao longo dos anos. Vejo isso claro como água agora.
Minha cidadela começa a tomar nova forma, pelas lições que resolvi botar em prática. Tenho ainda muito trabalho até o verão chegar, e mais uma batalha há de vir. Talvez dessa vez eu a enfrente com um sorriso, e talvez esteja de conciência tranquila para, como diria uma amiga, "machucar as pessoas certas para ter o que quer.". Pelo menos vou tentar recuperar o que fiz às pessoas erradas, por enquanto.
Talvez eu te ame agora, só não sei dizer ainda.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

"Será a mesma coisa?"


Sarah - Ray LaMontagne

Ray LaMontagne - Sarah

When we first met we were kids,
Quando nos encontramos pela primeira vez éramos crianças,
We where wild, we were insects.
Éramos livres, éramos insetos.
And after a while, i grew coarse,
E depois de um tempo eu fiquei rude,
I grew cold, i grew reckless.
Fiquei frio, fiquei descuidado.

I hold this memory, hold you so close to me,
Eu me agarrei a essa memória, mantive você perto,
Whispered were we always happy.
Murmurei que sempre seríamos felizes.
Lately it feels like i'm asleep
Mais tarde parecia que eu estava dormindo
And i just can't wake up.
E não conseguia acordar.
Pacing the floor, want to call,
Me arrastando, tentando chamar,
But i can't so i hang up.
Mas não podia, então me desliguei.
Sharing a secret on the train
Dividindo um segredo em um trem
With a lady who's crying has ruined her make up.
Com uma mulher cujo choro estragou a maquiagem.

Now i see just how young,
Agora eu percebo o quão jovem,
How scared i was.
Quão assustado eu era.
Eyes closed tight,
Olhos bem apertados,
Throwing puch after punch at the world.
Atirando soco após soco em todo mundo.
Sarah, is it ever gonna be the same?
Sarah, algum dia será a mesma coisa?
Sarah, is it ever gonna be the same?
Sarah, algum dia será a mesma coisa?

Said goodbye to all the places i used to go.
Disse adeus a todos os lugares que ía.
Said goodbye to all the faces i used to know
Disse adeus a todos os rostos que conhecia.
Nothing lasts forever.
Nada dura para sempre.
I guess by now, i should know.
Acho que agora eu deveria saber.
I should know.
Eu deveria saber.

There ain't a thing i can say
Não há nada que eu possa dizer
That will ever repair.
que não possa consertar.
And you, who had so much advice,
E você, que teve tantos conselhos,
And yet couldn't share.
E não pode compartilhar.
Maybe someday, we will look back at this
Talvez algum dia, nos lembraremos disso
And we'll smile, but right now i can't bear.
e vamos rir, mas agora eu não posso suportar.

Now i see just how young,
Agora eu percebo o quão jovem,
How scared i was.
Quão assustado eu era.
Eyes closed tight,
Olhos bem apertados,
Throwing puch after punch at the world.
Atirando soco após soco em todo mundo.
Sarah, is it ever gonna be the same?
Sarah, algum dia será a mesma coisa?
Sarah, is it ever gonna be the same?
Sarah, algum dia será a mesma coisa?

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Os Primeiros Quinze Minutos

"De tudo um pouco". Essa foi a sensação que emanava de uma rodoviária, perdida no mundo. Um pacto que foi feito por uma razão que já não mais se fazia presente, chegava ao fim.
De tudo um pouco, pelo fato de que aquela seria a última vez que um evento fantástico aconteceria, e todo o Universo parecia olhar para aquela porta de ônibus, onde apenas duas pessoas compreenderiam a maravilha do nascimento de uma nova vida, e a fatal imponderabilidade do tempo correndo.
Na minha mão, um envelope. Nas mãos dela, uma mala. Tinha que ser assim, pois foi esse o acordo. Aquilo que acontecera tantas vezes nos últimos seis meses, agora estava acontecendo pela última vez. E era irremediável. E era fantástico. Ambos completamos nossa parte na vida um do outro: nossa parte em um acordo sagrado. Ônibus sempre demoram para chegar, mas nunca para ir embora. Tudo um pouco foi embora, e numa única respiração se foi todo o resto: a ansiedade, a agonia, até a tristeza. Para aquelas pessoas ao redor, que haviam reconhecido a doce despedida que havia se iniciado - e por fim tecia seus últimos fios - a face nova do mundo ludibriava e eternecia. Nascia uma pequena vila de pessoas que sabiam que o mundo não é só trevas e luz: havia um meio termo e ele estava ali. As trevas do adeus misturadas à luz de o quanto ela havia os modificado.
E foi assim: eu a havia mostrado como as coisas funcionam, e sob quais regras somos formados, e ela havia me mostrado o quanto nem lógica nem sentimento podem ser fontes seguras. É preciso uma mente para mediar ambos.
Voltei pra casa, nos primeiros quinze minutos, e cada rua, cada esquina, assumiam em si uma importância colossal. Cada segundo agora era testemunha de um homem transfigurado pela vida, e pelas suas reviravoltas. Um sonho morreu, e outro veio assumir seu lugar. Agora existem armas para lutar por ele: uma cidadela há de ser reconstruída para abrigá-lo.
Quando cheguei, abri o envelope. No último parágrafo dizia: "Agora não somos os mesmos de quando começamos, e é isso o que significa. Você cumpriu sua parte, e me mostrou o que eu precisava ver. E você pode não achar, mas eu cumpri a minha. Agora você tem um outro mundo, e você se tornou uma pessoa melhor, sem sequer perceber."
Era tudo o que eu precisava ouvir.