terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Jekyll & Hyde



Vocês já ouviram falar da história de "O Médico e o Monstro"? Dr. Jekyll, um bom e velho camarada, após tomar um soro, consegue isolar sua segunda personalidade, Hyde, cruel em sua natureza.
Recentemente minha mania de falar sozinho tem piorado, e isso já não costumava ser bom sinal. Mas agora eu não falo literalmente sozinho, eu falo comigo mesmo no espelho: é bom pra liberar certas coisas, e tentar seguir meus próprios conselhos. Foi falando comigo mesmo, no espelho, que eu me lembrei de uma cena da peça "Jekyll and Hyde" onde o médico e o monstro conversam entre si, através do espelho. Não era uma conversa particularmente amigável: Jekyll insiste em tentar encontrar a cura para sua condição, e Hyde diz que os dois são inseparáveis, e que mesmo que Jekyll morra, o monstro viverá para sempre.
Eu descobri, conversando com o espelho, que eu tenho meu próprio Hyde, esperando pra acontecer. Se eu não ouvia meus próprios conselhos, talvez ouvisse minhas próprias ameaças. É um cara aterrorizante que botou o dedo no meu nariz e me disse que tudo aquilo que eu já consegui tudo o que precisava, mas não estou nem perto daquilo que eu quero, e que se Jekyll não consegue consertar minha vida, talvez Hyde consiga. E ele me pedia, do outro lado do espelho, pra sair. Pra sair e resolver tudo.
Mas Hyde é tão diferente de Jekyll. Ele não lutou por aquilo que as pessoas queriam, ele não melhorou a vida delas, e ele provavelmente deixaria a maioria delas na mão. Mas talvez, e eu não nego essa possibilidade, talvez a vida dele fosse um pouco mais satisfatória. Talvez ele poderia ter aquilo que quer, sem que o mundo tirasse isso dele. Vou tentar ser o Dr. Jekyll por mais um tempo.
Além do mais, eu não tenho o tal soro. Ainda.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Motivos pra se tornar uma Pessoa Melhor

Minha irmã está grávida, já há algum tempo. Nasce provavelmente em maio. Digo provavelmente porque nunca ninguém tem certeza. A gente mandou um cara pra Lua e não sabe quando exatamente uma criança vai nascer.
O caso é que eu vou ser, além de tio, o padrinho. E, além da felicidade trazida pela novidade, me veio uma preocupação: eu não sou o melhor exemplo de pessoa. Sou desleixado com minhas coisas (principalmente minha saúde), tenho uma meia dúzia de problemas mentais que devem estar listados em algum lugar, não tenho estabilidade econômica nem emocional, e nem sou o melhor dançarino de tango ou nadador.
Mas, às vezes, a necessidade nos faz tomar atitudes, nos empurra numa direção que não seguiríamos por conta própria. E assim, à medida que o tempo passa e o ano começa, eu vou fazendo o possível pra corrigir essas pequenas falhas, vou melhorando alguns aspectos da minha vida para os quais nunca dei atenção.
O que eu notei até agora é que dá pra fazer isso sem mudar quem você é. Esse é o grande medo que todo mundo tem. Será que, pra melhorar, você tem que se tornar uma pessoa completamente diferente? Mudar de amigos, mudar de casa, mudar suas influências? Eu descobri que cada um tira das influências aquilo que quer, mas o que faz toda a diferença é saber escolher o que vale à pena e o que não vale. Daqui a alguns anos eu vou ser a influência de alguém, e eu espero que essa pessoinha saiba tirar aquilo que importa.
Estou chegando lá. Ainda não sou completo, mas estou a caminho.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Grand Master

Esses dias eu fiz uma coisa que há muito tempo não fazia: joguei umas partidas de xadrez com um amigo. Eu acho que não fazia isso desde o quarto período, no longínquo 2007.


No xadrez, existe uma expressão que diz: "Vence aquele que comete o penúltimo erro."
O xadrez foi considerado, por muito tempo, o jogo que mais representava a realidade, longe dos "bancos imobiliários" e "jogos da vida". Isso porque o adversário sempre lhe apresenta resistência, por caminhos que você não reconhece de imediato, e porque o xadrez leva em conta a desigualdade. As peças não têm, no jogo, o mesmo valor. E por isso mesmo, eu vim a imaginar a minha Guerra, até o ponto em que ela se encontra, como um jogo de xadrez.
Houve a fase em que eu jogava na defensiva, e não saía do meu campo. Houve a fase da raiva, em que eu entregava todas as minhas peças em sacrifícios inúteis, e houve a fase em que eu finalmente tinha aprendido a tática para ganhar esse jogo: haja o que houver, siga a jogada que você tem em mente. Você vai perder uma peça ou outra no caminho, mas no xadrez não ganha quem tem mais peças, mas quem dá o xeque-mate; no final é tudo sobre isso. Fazer a jogada que tem em mente, aconteça o que acontecer.
E é chegada a hora de eu aceitar perder algumas peças, umas mais importantes do que outras, pra ganhar ou perder essa Guerra. É sobre isso que queria falar. É chegada a hora de executar mais uma jogada, de fazer o que treinei, aproveitando a invisibilidade: arriscar uma coisa que não sei se vai dar certo, e perder umas peças no meu time.
Hora de ter amigos ao invés de empilhá-los.