segunda-feira, 30 de março de 2009

Em Agradecimento: Solte a Panela!

Gostaria de agradecer a uma grande amiga pela postagem de hoje.
"Certa vez, um urso faminto perambulava pela floresta em busca de alimento. A época era de escassez, porém, seu faro aguçado sentiu o cheiro de comida e o conduziu a um acampamento de caçadores.
Ao chegar lá, o urso, percebendo que o acampamento estava vazio, foi até a fogueira, ardendo em brasas, e viu que dela haviam tirado um panelão de comida.
O urso abraçou a panela com toda sua força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando tudo. Enquanto abraçava a panela, começou a perceber algo lhe atingindo. Na verdade era o calor da panela. Ele estava sendo queimado nas patas, no peito e por onde mais a panela encostava.
O urso nunca havia experimentado aquela sensação e, então, interpretou as queimaduras pelo seu corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida. Começou a urrar muito alto. E quanto mais alto urrava, mais apertava a panela quente contra seu imenso corpo.
Quanto mais a panela lhe queimava, mais ele apertava contra o seu corpo e mais alto ainda urrava. Quando os caçadores chegaram ao acampamento, encontraram o urso recostado a uma árvore próxima à fogueira, segurando a panela. O urso tinha tantas queimaduras que o fizeram grudar na panela e, seu imenso corpo, mesmo morto, ainda mantinha a expressão de estar urrando.
Quando terminei de ouvir esta história de um mestre, percebi que, em nossa vida, por muitas vezes, abraçamos certas coisas que julgamos ser importantes.
Algumas delas nos fazem gemer de dor, nos queimam por fora e por dentro e, mesmo assim, ainda as julgamos importantes. Temos medo de abandoná-las e esse medo nos coloca numa situação de sofrimento, de desespero.
Apertamos essas coisas contra nossos corações e terminamos derrotados por algo que tanto protegemos, acreditamos e defendemos. Para que tudo dê certo em sua vida, é necessário reconhecer, em certos momentos, que nem sempre o que parece salvação vai lhe dar condições de prosseguir. Tenha a coragem e a visão que o urso não teve. Tire de seu caminho tudo aquilo que faz seu coração arder. Solte a panela!"

segunda-feira, 23 de março de 2009

Na Noite da Chuva

Fiz uma viagem nesse fim de semana, e fui visitar meu pai.
Embora seja algo que tenho feito sempre que posso, o que por sinal não é tão frequentemente, dessa vez eu senti algo diferente. Senti que algo mais me levava de volta àquela cidade. A cidade onde eu cresci.
Não fiquei nem vinte e quatro horas lá, mas foi, de fato, uma visita diferente.
E foi quando eu já tinha a passagem de volta ao exílio comprada, quando a chuva começou a cair anunciando o retorno, que eu me dei conta de algumas coisas. Foi no caminho até a rodoviária, com a mochila nas costas e o guarda-chuva aberto, que eu me dei conta de que finalmente tinha descoberto a íntima relação que ainda tenho com aquela cidade.
Decendo aquela rua, em direção à rodoviária, eu tive essa impressão. Tive a impressão de que, selado no tempo, longe do alcance dos meus olhos, aquela cidade guardava um acontecimento irremediável no passado que afetava diretamente o que sou hoje, e que isto estava completamente fora do meu controle.
E o que me consolava naquilo tudo era saber que o irremediável exite, e que não podemos ser culpados pelas consequências dos atos diversos. Era saber que a minha pilha de ruínas ainda pode fazer algum sentido, o que me animou a estar lá - a ainda poder encontrar o caminho por aquela rua de pedras até a rodoviária.
De fato, sempre haverá uma linha tênue que me liga a um acontecimento fantástico, a uma bifurcação na estrada cinco anos atrás, quando tudo o que eu conhecia só estava "prestes" a mudar. Quando eu passei a defender a idéia de que alguns caminhos só podem se encontrar em lugares distantes, traçando meus rumos para o exílio.
E o exílio pode ser a casa do amor.

domingo, 1 de março de 2009

Eu Citando Eu Mesmo

" - Deixe-me dizer uma coisa, garoto. Se você não fizer por você, ninguém fará. Essa é uma das mais terríveis e fantásticas verdades, em qualquer lugar do Universo, e em todas as espécies. Você culpa sua racionalidade pelo que se tornou agora, mas não percebe que a racionalidade da qual fala está presente em absolutamente todas as culturas. Tudo, absolutamente tudo o que faz, é fruto da auto-preservação. Vocês oram a um Deus esperando que ele compreenda o quanto vocês foram bons e para que ele os ajude, pela auto-preservação. Vocês sentem a necessidade de ajudar apenas para se sentirem bem consigo mesmos. O egoísmo, ao que parece, foi o toque final de Deus para uma civilização funcionar satisfatoriamente. Foi a sua última descoberta.
- Por que está me dizendo tudo isso?
- Quero que retire Alfaziro daquela lista. Não quero seres humanos aqui."

Eu, em Paradoxo.