terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A Arte da Despedida

Muita gente acredita que, se você olha muito em volta, acaba mais cedo ou mais tarde encontrando aquilo com o qual se inclinar, com o qual se identificar, e assim poder seguir uma direção predeterminada.
Nos caminhos que eu segui, sempre tentei ao máximo nunca fazer algo do qual possa me arrepender. Todo esse cuidado, porém, tem uma outra face. Muitas vezes eu me pego imaginando quantas coisas eu ainda podia ter feito enquanto estava lá, antes de me despedir das pessoas, ou mesmo antes de pegar o caminho de casa. Mais de uma vez eu me peguei voltando pra casa, sob as estrelas, às vezes embaixo da terra, sabendo que não iria voltar tão cedo, e temendo não ter feito tudo aquilo que é devido que se faça. E nesse mês, mais de uma vez, eu me despedi com um aperto no coração. Aquele aperto que te diz pra voltar lá e fazer aquilo que esqueceu, diz que tudo pode vir a baixo num instante, e que a única obrigação que temos com as outras pessoas é deixá-las saber exatamente o quanto são importantes - não pelo ego delas, não pelo puro e simples contrato social que parece reger as nossas vidas a cada minuto, mas apenas porque, sem isso, muitas coisas que a gente nem lembra que existem passam a ser incompletas, passam a ressoar como nota procurando resposta numa música.
Me desculpem as três pessoas de quem não me despedi propriamente dessa vez, àquela que me despedi pela última vez, e obrigado à que me viu voltar, e me disse de mansinho um "que bom que voltou hoje, antes de ir embora", que me livrou de um vazio. Pena que o valor das pessoas nunca é suficiente pra impedir algumas derivas...

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