sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A Paz Acabou

Novembro costuma se um mês doído para a maioria dos estudantes de Física do planeta. Se você me acompanha e não faz Física, sinta-se um afortunado nesse mês. Todas as suas obrigações mais importantes se concentram num mísero intervalo de trinta dias, e isso é tudo o que você tem.
Novembro também é o mês das chuvas eternas, daquelas que ainda não são rápidas como as de verão, e se estendem com facilidade pela tarde inteira. Vou contar, então, uma história de novembro. Há quem lembre que faz um ano que estou vivendo nas nuvens, numa nova realidade meio que enfiada garganta abaixo. Ás vezes, no fundo no fundo, eu sinto saudade de voltar a reta da UFV sozinho, e vendo a árvore de natal sendo posta boiando na lagoa, ano após ano; naquele velho tempo em que sempre tinha alguém pra eu xingar, que eu não xingava.
No penúltimo mês do ano passado, eu não tinha tempo pra nada (isso não mudou muito), e nem era tanto a chuva que me segurava no departamento de Física, mas os exercícios. Mas, naquela época, eu ainda recebia visitas frequentes (uma por mês, aliás) de uma grande amiga, com quem dividia algumas experiências de aprendizado, e com quem, às vezes, me irritava profundamente. Era tudo, na verdade, parte do aprendizado. A gente tem que aprender a se irritar com os outros.
Um dia estávamos nós, voltando pela reta da UFV, e nos deparamos com um pessoal oferecendo cartões de crédito, se eu não me engano, do Itaú. Naquela época, isso era muito comum. Como de costume, aquela pessoa te aborda com um sorriso de orelha a orelha, e te pede pra preencher um cadastro. Eu olhei bem pra pessoa, abri um sorriso desgraçadamente grande e disse que já tinha o cartão, que era ótimo, e que ela também deveria fazer um. A conversa mudou completamente de lado, e por uns 30 segundos, era eu quem estava vendendo um produto que não tinha. Obviamente não fiquei muito tempo ali, tinha mais o que fazer.
Aquela foi a primeira vez que usei meus poderes para o mal. Ela me lembra disso até hoje, e eu me lembro do mês de novembro como o mês em que minha Guerra começou a terminar.
Está terminando até hoje.

Um comentário:

Leila Romano disse...

Pelo menos hoje em dia, quando vc tem que xingar, vc xinga! rsrsrs
Tadinha da menina do cartão...