Estive novamente na cidade onde eu cresci.
O frio que estava fazendo fez com que a maioria das pessoas ficasse em casa, no Domingo. E durante alguns instantes, eu passeei pelas ruas daquela cidade, e talvez não fosse pedir demais que o tempo voltasse alguns anos, e eu pudesse refazer certas coisas, ou rever certos acontecimentos que poderiam ser mudados. Ou não.
Mas o caso é que, sempre que você sai por aí, em algum momento você volta pra casa. Perto da minha casa tem um campinho de futebol. Cheguei com a bicicleta no portão de casa, e de lá só dava pra ver um dos gols, onde um menino de uns dez anos observava a partida. E me lembrava de quando era eu quem estava ali, naquele mesmo lugar, tantos anos atrás, esfolando meus joelhos por coisas tão momentâneas, e mesmo assim que me davam um prazer imenso. Daquele campinho tantas vezes a gente viu o sol se pôr, e continuava brincando até não dar mais pra ver a bola - às vezes até quinze minutos depois, quando ninguém via mais a bola.
E é isso o que está acontecendo agora, tal como naquele tempo. Eu estou esfolando meus joelhos. Eu percebi, olhando aqueles meninos, que eu não tinha mudado em nada, desde aquela época. Eu me machucava, e sabe-se lá quantas vezes eu troquei a pele da sola do pé, quando voltava pra casa. E quanta roupa suja minha mãe teve que lavar depois de um dia inteiro debaixo de chuva, quando a sujeira parecia se multiplicar. Eu era alguém que esfolava os joelhos, mas não parava pra chorar. Não me sentia, nem por um minuto, incapaz de continuar. Olhando aqueles meus pequenos passados, eu ía me convencendo de que ainda sou assim.
Estou esfolando meus joelhos, e é por uma boa causa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário