quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Encarceramento Voluntário

Eu matei algumas pessoas.
Se essa frase lhes faz pensar que eu fui longe demais, e que provavelmente deveria parar de ler agora, não se preocupe: eu matei algumas pessoas que eu criei.
Não sei se já mencionei isso em algum lugar (acho que provavelmente comentei sobre isso no blog da Aline Fernandes \o/ Ahora me toca a mi...), mas estou escrevendo um livro sobre a minha pseudo-doença, chamado "A Síndrome do Gênio". O fato é que meu manuscrito entrou, semana passada, no último capítulo da saga, e eu me vejo, pela primeira vez desde que iniciei essa empreitada nove meses atrás, há uma semana sem escrever absolutamente nada. Acho que sempre que eu escrevia, eu narrava coisas que aconteceram, ou deviam ter acontecido comigo, mas daqui pra frente meus personagens principais estão abandonados, e até mesmo eu me recuso a ir ao resgate deles.
Se havia algo que facilitasse amplamente a minha escrita, era o fato de que, no fundo, eu me sentia como eles. Eu me induzia a ser aquilo que eles eram, via o mundo da maneira que eles viam, e da perspectiva deles surgiam minhas idéias. Só que agora eles estão isolados, e o que eu posso fazer agora?
Estive em Belo Horizonte algumas semanas atrás, pra ver minha mãe, que já tem uma versão impressa do manuscrito até o momento e já rabiscou ele quase inteiro. Essa é a vantagem de ter uma pessoa crítica na família. O caso é que, nas quase 24 horas em que estive lá, ela me falou umas duas ou três vezes que eu fico meio que abandonado aqui em Vice City. Talvez seja bem verdade, mas talvez seja exatamente o que eu preciso.
Talvez esse encarceramento voluntário seja o que eu preciso para escrever o final, para terminar de contar a história, para ver se a resposta para a grande pergunta: "como o mundo funciona?" está mesmo à altura de minhas páginas.
Meio perdido, e meio em casa.

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