quarta-feira, 7 de abril de 2010

A Memória da Tempestade (Parte 4)

Lá estavam eles, na chuva, e olhando para baixo. O menino fraco tocou em seus ombros e lhe disse de sua última responsabilidade: "Aproveite seu tempo, e a veja crescer. Quando isso acontecer, deixe-a ir." Foi isso o que lhe havia dito há tantos meses, e era isso o que ele lhe lembrava agora. O fim estava próximo, mas o lembrava de que um novo começo estava por vir. A cicatriz estava se fechando e o sangue iria parar de escorrer.
O menino, então, andou até o carro. Entrou, e foi levado pela estrada escura. O rapaz ficou ali um segundo, e logo tomou seu caminho.
Dias depois ele traiu aquilo o que mais amava, e cumpriu a parte que era sua na responsabilidade aceita. Ele a deixou ir.
Mas não foi simples, nem para alguém como ele, e os dias que se seguiram não foram nada fáceis. Alguns traumas voltaram, e o sentimento de que alguma coisa precisava ser corrigida passou várias vezes pela sua mente. Mesmo assim, ele não fez nada, ele se recusava a voltar atrás numa decisão que tivesse tomado.
Um ano havia se passado e ele voltou ao lugar onde se despediu do menino fraco. Não havia nada para ser dito, nada para ser escrito, e um acontecimento fantástico havia definido tudo aquilo, quatro anos atrás: graças à memória da tempestade.
À sua direita, pendurado em uma estaca, estava o casaco vermelho. Ele o vestiu, e no bolso da direita havia um pequeno pedaço de papel, onde estava escrito: "Você vai se tornar uma pessoa melhor, e nem vai perceber."
Uma brisa branda começou a cair, e o sol se pôs na cidade, para nascer em outra.

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