quarta-feira, 3 de junho de 2009

A Responsabilidade Aceita (parte 2)

"Exatamente 18 minutos depois, lá estava ele. Tinha levado mais tempo do que o necessário, porque não foi em linha reta - foi em ziguezague, pensando no caminho que estava voltando a não gostar do lugar. Mas uma vez que tivesse se responsabilizado em ir, era lá que ele devia estar. Devia.
Estava tudo certo. A 'amiga da irmã' gostava dele, ele não tinha nada a perder. Tudo correria bem. Os dois então, ficaram sozinhos. Mas tudo o que ele conseguia pensar era naquela moça que estava naquela escadaria, e das amigas distraídas e atrasadas que ela tinha. Por mais que ele estivesse ali, com uma pessoa maravilhosa que gostava dele, não era ali que ele queria estar. Essa era a verdade. Essa era a sua verdadeira responsabilidade aceita. Estar ao lado de uma menina, completamente desinteressada, na escadaria de uma cidade pequena, perdida em algum lugar do mundo.
Aquele cara saiu de onde estava, mas simplesmente não conseguiu voltar à escadaria. Ela, de fato, jamais tornaria a vê-lo naquela noite.
Ele voltou pra casa. Já não gostava do lugar, denovo.
Seus amigos chegaram de madrugada, quando já estava dormindo. Haviam combinado de dormir na casa dele. E não era preciso mais nada quando no outro dia, seu amigo de infância o acordou, e lhe disse que a menina tinha ficado naquela escadaria a noite toda, sozinha.
Ele prometeu nunca mais sair de perto dela."
Weaver me disse que se lembrava do rapaz que tinha lhe contado essa história. Era um rapaz fascinante, que tinha perdido o gosto pela vida, mas que tinha uma responsabilidade aceita. Uma responsabilidade que, quando Weaver me mandou aquele email, eu estava pronto para abandonar. E Weaver, nessa única vez, me disse: "Enquanto aquele rapaz carregar essa responsabilidade para com ela, por causa disso ela terá um diferencial, ela carregará um destino que a tornará especial. Ela será a única coisa capaz de fazê-lo agir sem a sua lógica. Mas uma vez que ele a deixe ir, voar com as próprias asas, ela se tornará uma pessoa igual a todas as outras, terá uma vida e vai aprender da forma mais difícil o quanto ter o controle exige responsabilidade."
Aquele rapaz, então, mesmo duvidando um pouco, deixou ela ir, e abandonou a única responsabilidade aceita que realmente teve. E onde quer que Weaver esteja agora, mesmo depois de morto, deve estar rindo da cara dele e dizendo: "Eu disse, não disse?".
Você disse, Weaver. Eu sei que você disse...
Feliz aniversário.

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