quarta-feira, 19 de novembro de 2008

"Ternura inútil, mas ternura..."

"...conselhos inúteis, mas amigos."
Não resisti, e novamente comecei a ler o clássico Terra dos Homens, de Exupéry. E, relendo, ía relembrando as definições que ele propunha sobre o que é ser humano. Em uma das passagens mais emocionantes, dizia ele que o avião de seu amigo Guillaumet havia caído nos Andes, em pleno inverno. Já passada uma semana, todos tinham esperança de encontrar apenas seu corpo, quando ele surge vivo! Guillaumet, nesses dias entre a neve e as montanhas, havia batalhado contra a própria morte, pois segundo ele "o que eu fiz, palavra que nenhum bicho, só um homem, seria capaz de fazer." Ele sobreviveu ao frio e à fome por se sentir responsável pelos que o esperavam. Pela sua esposa, seu filho, seus amigos. Bichos não poderiam sentir tal coisa, o que justifica a sua frase. Segundo Exupéry, essa sentença é aquela que coloca o homem em seu lugar de direito na natureza, que o define como um ser superior: a capacidade de se sentir responsável.
Acho que leria quantas vezes eu pudesse, muito embora agora eu já não tenha mais tanto tempo disponível assim. Aliás, eu tenho achado inclusive que tenho escrito com uma frequência além da permitida para o meu estado atual.
Acho que não sei quando volto a escrever agora, por isso deixo a minha recomendação:
Terra dos Homens, de Antoine de Saint-Exupéry: um livro que transcende o tempo, e nós traz ótimas lições de como é ser humano, e ao mesmo tempo especial entre eles.
Um trechinho:

"Só há um luxo verdadeiro: o das relações humanas.
Trabalhando só pelos bens materiais construímos nós mesmos a nossa prisão. Encerramo-nos lá dentro, solitários, com a nossa moeda cor de cinza que não pode ser trocada por coisa alguma que valha a pena viver. Se procuro entre minhas lembranças as que me deixam gosto mais durável, se faço balanço das horas que valerem a pena, certamente só encontro aqueles que nenhuma fortuna do mundo ter-me-ia presenteado.
Não se compra a amizade de (...) um companheiro a que estamos ligados para sempre pelas provas sofridas juntos. Esta noite de vôo e suas 100 mil estrelas, esta soberania de algumas horas, o dinheiro não compra. Estas árvores, estas flores, estas mulheres, estes sorrisos docemente coloridos pela vida a que regressamos de madrugada, este mundo de pequenas coisas que nos recompensam, o dinheiro não compra."

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