segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

No Último Minuto (ou The Breakfast Club)

Há algumas semanas atrás estive em Belo Horizonte. Fui ver minha mãe denovo. Ultimamente, tenho feito isso uma vez por mês.
Dessa vez, não fui sozinho, fui com uma amigo meu. Era a primeira vez que ele ía à BH, e como  recepção calorosa esperamos quase trinta minutos, parados no trânsito, a duzentos metros da rodoviária. Nesse dia, chovia bastante. Ainda era mês de novembro, e como todo mês de novembro, eu tenho que tomar chuva pelo menos uma vez. Aquele era o dia.
Detalhes da viagem à parte, o mais interessante se sucedeu no caminho de volta. Eu viria para Vice City, meu exílio, e meu amigo seguiria para a minha cidade natal, Rio Pomba. No último minuto, porém, decidi ir com ele para Rio Pomba, jogar conversa fora com meu pai por alguns dias, jogar sinuca (agora nem videogame eu jogo), e só então seguir para Vice City. Essa decisão de mudar o destino da minha viagem me rendeu uma experiência, e uma das companhias de viagem mais interessantes que eu já tive.
Ela era farmacêutica, se sentou do meu lado, e falava pelos cotovelos. A outra, eu nem cheguei a saber o que fazia, mas era o tipo de pessoa que, apesar da "pouca" idade, sabia bastante do mundo, e se sentou ao lado do meu amigo. O senhor, sentado atrás de mim, tinha um humor negro do tipo que eu adoro, e também parecia saber das coisas lá de fora.
Mas eu jamais saberia desses detalhes, principalmente se, na altura de Carandaí, nossa viajem não tivesse sido interrompida, por quase três horas, devido a um acidente. Um caminhão de sucata tinha virado e derrubado algumas toneladas de ferro velho da pista, e nosso ônibus ficou parado por quase três horas.
Sem sinal de celular, sem sinal de que o problema seria resolvido, aquelas cinco pessoas começaram, então, a trocar experiências de vida. Falávamos das pessoas com quem havíamos convivido, das nossas façanhas do dia-a-dia, das habilidades que cada um havia desenvolvido, de maneira a viver a vida do jeito que nos aprouver. Durante três horas, aquela caixa de ferro e borracha era nossa barraca de acampamento, há quilômetros de qualquer região habitada.
O ônibus, então, finalmente andou. O alívio de estar a caminho de casa chegou ao "Clube dos Cinco", e tudo correria bem a partir dali.
E foi só no final da viajem que eu percebi que nenhum deles sabia meu nome. No último minuto, eu pensei que não valia a pena dizer. Desci do ônibus e fui pra casa.

P.S.: Assistam O Clube dos Cinco (The Breakfast Club).

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