sábado, 26 de maio de 2012

Eu posso mudar?

Não via minha mãe haviam seis meses. Não que eu seja uma pessoa ligada à família, ou ligada à qualquer coisa. As únicas coisas com as quais eu sempre estive envolvido, desde que me entendo por gente, são os cadernos - sejam eles de exercícios ou de desenho.
Isso me rendeu, até certo ponto da minha vida, bons frutos: notas acima da média, a capacidade de compartilhar meus projetos, de dar vida a eles através das imagens que eu desenhava, tudo sem o maior esforço. Consegui, no percurso, até mesmo me formar em Física, o que, exatamente como dizem as más línguas, não é nada fácil.
Mas eu não sou bom com a vida. Eu não sou bom em ser pego no meio das complicações das outras pessoas, não sou bom em lidar com o que elas sentem (inclusive eu), e minha disponibilidade para meus amigos tem sido cada vez menor. Aos poucos, vou dando ao mundo a liberdade que ele merece, e a meu ver isso sempre foi resultado da minha própria personalidade. Mas, discutindo isso com minha mãe, me veio a idéia de perguntar: "Eu posso mudar?"
Serei eu capaz de largar minha inteligência de lado, com tudo o que ela já construiu, e me tornar uma pessoa normal e sociável como todas as outras? Se eu coloco na balança e percebo todos as coisas que eu perdi pra ter o que eu tenho, será que valeu a pena? Qual o peso de ser uma negação com relacionamentos, e um ás com todo o resto?
"Você não consegue."
Foi a primeira vez que eu desejei, do fundo do coração, que Weaver não tivesse morrido.

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