sábado, 10 de março de 2012

Mundo Noturno

Depois que as aulas recomeçaram, são raras as vezes em que não tenho acordado cedo, como qualquer pessoa normal, às sete da manhã. Meu horário normal não é esse. Eu vivo no horário do Pacífico, onde, pra quem mora no Brasil, as pessoas dormem às quatro da manhã e acordam ao meio dia. Há alguns dias, no entanto, aconteceu algo interessante, enquanto atravessava a famosa reta da UFV, indo para o meu amado Departamento de Física: as capivaras não tinham ido dormir ainda.
Se vocês se lembram, eu já falei delas antes (Ver "Martina") como minhas companheiras noturnas, de quando eu voltava pra casa de madrugada. Nesse dia, elas ainda perambulavam, em um grande grupo, em plena luz do dia, e de passagem eu via umas doze pessoas, paradas, olhando pra elas, algumas tirando fotos, fascinadas com aquela fauna viçosense, aparentemente desconhecida para elas. E eu, que as via todos os dias, pensei fazer parte de um mundo desconhecido. Se eu não fosse um ser humano, eu também seria um animal de zoológico, pois eu sou um animal noturno.
Mas agora estou de volta à rotina das pessoas normais, domesticado, mas ainda posso passar por Martina e companhia, e não achar graça, e não fotografar, e cumprimentar silenciosamente meu mundo noturno. Quando se trava uma guerra consigo mesmo, você sabe que, no final, vai ganhar alguma coisa, vai perder alguma coisa. Só não sabe quando ela vai terminar.

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