segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O Filho Torna-se o Pai

Descobri essa semana que meu café é muito forte, forte de levantar defunto. Foi quando eu acabei colocando uma "colherinha" a mais de pó e não notei diferença nenhuma. Meu pai, aliás, já tinha me dito isso uma vez.
Segunda-feira passada, como de costume, é um dos dois dias da semana em que eu tenho que levantar cedo. E lá estava eu, quinze pras seis da manhã, levantando da cama. Cheguei na cozinha e tirei todo o meu bom e velho material do armário da cozinha: Filtro de papel, pote de pó de café, pote de açúcar e suporte para o filtro. Enquanto arrumava o resto das coisas, pus a água a ferver. Não demora muito tempo, vocês sabem, para que ela atinja a temperatura ideal e as bolhas comecem a aparecer. Foi pouco depois disso, quando o pó preto se misturava à água cristalina e fumegante que eu ia derramando, que me veio uma lembrança.
Me lembrei de quase sete anos atrás, quando eu ainda tinha que levantar cedo todos os dias, de quando éramos uma família unida mas não tão feliz, e de que era meu pai quem fazia aquilo que eu estava fazendo. Eu e minha irmã, ainda relutantes em encarar o caminho para o Colégio, esperávamos um ao outro para usar o banheiro: um banho frio, o cafezinho do papai e escovar os dentes. Segunda-feira, era eu quem fazia o café, era minha agora a responsabilidade da minha vida.
Em mim estava consolidado o nascer de um novo herói, daqueles que Weaver imaginava quando ainda estava vivo, quando me pediu para abandonar tanta coisa que jamais me traria àquele momento, na cozinha. Enquanto a água ia acabando, e a garrafa se enchendo, eu tive certeza do que eu era: Eu era definitivamente meu...

Um comentário:

Anônimo disse...

tive um gostinho de saudade...