quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Retomando um Castelo Perdido.

Pra quem ainda não sabe, eu sei desenhar. Acho que eu sabia desenhar muito antes de saber o que eu desenhava: fazia uma casa antes de saber o que era uma casa, fazia um carro antes de saber o que era um carro, e pra mim, desde pequenos, as formas dos objetos eram tudo, muito antes de saber para que exatamente eles serviam. O caso é que, durante muito tempo (mais ou menos três anos), eu não me dediquei à essa nobre atividade. Durante os últimos anos eu deixei as canetas nanquim apodrecerem numa gaveta, e tentei me convencer de que aquilo era por uma boa causa. Eu era como um fumante que decidiu parar de tomar café para ver se parava de fumar. Estava disposto a deixar para trás tudo aquilo que envenenava a minha mente, e me levava a me enveredar em um caminho que me puxava para trás, que me trazia um sentimento que poderia me matar. E durante todo esse tempo, aquelas canetas esperaram, quietas na gaveta da escrivaninha, pelo seu momento de voltar. E agora que o horizonte, ainda trêmulo, soa mais tranquilo, eu resolvi pôr fim à espera. A grande maioria das coisas que me levaram a parar de desenhar já não estão mais comigo, e só ficou aquilo que me estimula, que me leva a acreditar que, se você não fizer por você, ninguém fará. Como um grande amigo já me advertiu uma vez, você pode ter todo o talento do mundo, e pode ser capaz de coisas incríveis, mas enquanto o "poder" não se torna "fazer", é tudo em vão. Você morre e isso tudo se perde, e ninguém jamais vai ficar sabendo disso. E foi por isso que eu fiquei assim, como uma criança que reaprende a andar, depois de ficar anos sentada; como um homem que reaprende a lutar, depois de mergulhar na penumbra do ócio e do comodismo. Caminho novamente para a linha de frente, com as armas na mão: papel e caneta.

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