sexta-feira, 24 de junho de 2011

O Cordão Umbilical

Meu ano está acabando. Meu ano acaba no meio.
É quando, normalmente, eu entrego o relatório final da minha bolsa do CNPq, e fico livre de mais uma obrigação para com o governo brasileiro: a obrigação de produzir ciência. Mas, dessa vez, entregar esse relatório será a última coisa que farei nesse período, e provavelmente não farei isso denovo; a bolsinha de iniciação científica se tornará a bolsa do mestrado, e a obrigação de produzir ciência vai apenas mudar de nome.
Todos haverão de concordar que, só de ouvir a palavra obrigação, parte do prazer se perde. Eu vim a descobrir, nos últimos cinco anos, que é isso o que acontece aos estudantes de Física, por toda parte. A obrigação torna a ciência monótona, e deveras maçante. Imagino porque Einstein só descobriu a relatividade quando não trabalhava com Física. Mas, antes que essa postagem dos "Diários" se transforme numa postagem do "Labirinto", vou dizer o que aconteceu essa semana pra eu trazer esse assunto à tona. Uma grande amiga minha desistiu da Física, há dois anos, no primeiro período. Hoje está nos EUA com o pai e a gente se fala por msn uma vez por mês. Da última vez, nossa conversa me deixou clara uma severa hipótese: A Física é algo que me dá prazer, sempre foi assim e sempre será; mas o Curso de Física é um cordão umbilical, algo que te prende à obrigações e paradigmas sobre até que ponto você é capaz de viver aquilo que gosta. Se, em qualquer momento, eu me sentir limitado por ele, garanto que nada vai me impedir de cortar esse cordão, de ir trabalhar num escritório de patentes, como fez Einstein, de ouvir o que minha mãe, minha amiga e talvez minha irmã sempre me deixaram claro.
Eu sou melhor do que o curso que faço. Eu tenho certeza.

Nenhum comentário: