segunda-feira, 23 de março de 2009

Na Noite da Chuva

Fiz uma viagem nesse fim de semana, e fui visitar meu pai.
Embora seja algo que tenho feito sempre que posso, o que por sinal não é tão frequentemente, dessa vez eu senti algo diferente. Senti que algo mais me levava de volta àquela cidade. A cidade onde eu cresci.
Não fiquei nem vinte e quatro horas lá, mas foi, de fato, uma visita diferente.
E foi quando eu já tinha a passagem de volta ao exílio comprada, quando a chuva começou a cair anunciando o retorno, que eu me dei conta de algumas coisas. Foi no caminho até a rodoviária, com a mochila nas costas e o guarda-chuva aberto, que eu me dei conta de que finalmente tinha descoberto a íntima relação que ainda tenho com aquela cidade.
Decendo aquela rua, em direção à rodoviária, eu tive essa impressão. Tive a impressão de que, selado no tempo, longe do alcance dos meus olhos, aquela cidade guardava um acontecimento irremediável no passado que afetava diretamente o que sou hoje, e que isto estava completamente fora do meu controle.
E o que me consolava naquilo tudo era saber que o irremediável exite, e que não podemos ser culpados pelas consequências dos atos diversos. Era saber que a minha pilha de ruínas ainda pode fazer algum sentido, o que me animou a estar lá - a ainda poder encontrar o caminho por aquela rua de pedras até a rodoviária.
De fato, sempre haverá uma linha tênue que me liga a um acontecimento fantástico, a uma bifurcação na estrada cinco anos atrás, quando tudo o que eu conhecia só estava "prestes" a mudar. Quando eu passei a defender a idéia de que alguns caminhos só podem se encontrar em lugares distantes, traçando meus rumos para o exílio.
E o exílio pode ser a casa do amor.

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