quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Há 10 Anos

"Oito da noite e ainda é dia."
Quando eu finalmente me acostumar com o horário de verão, é porque ele vai acabar. Não sinto muito os efeitos dele nas manhãs, pois, como devem saber, não sou muito fã de ficar acordado de manhã, mas sei muito bem dos efeitos dele, à tarde.
Eu comecei a trabalhar muito cedo, ainda na minha cidade natal, mais ou menos aos treze anos. Em parte pelas exigências do meu pai, em parte pela necessidade de ter algo com que me ocupar, e em grande parte pelo desejo de aprender uma coisa nova. Foi assim, então, que comecei a trabalhar no mercado com meu tio. Acho que eu aprendi a lidar com as pessoas, e me comunicar bem com elas, nessa fase da minha vida. Naqueles quase cinco anos eu aprendi a me expressar, aprendi a ser claro e objetivo, e uma vez que muitas vezes não era um trabalho intelectualmente desafiador, grande parte das idéias que eu tenho até hoje vêm dessa época: Eu aproveitava meu tempo com as tarefas automáticas para inventar histórias.
Com o tempo, eu ia melhorando nos meus afazeres, e por volta das sete da noite, voltava pra casa pra fazer os deveres de casa (pelo menos os que eu não tinha feito na sala de aula), assistir um pouco de televisão, e dormir pra acordar cedo no outro dia.
Mas havia um tempo especial, naquela época: era o tempo do horário de verão. No horário de verão, quando eu voltava pra casa, às sete da noite, o Sol ainda estava no horizonte. Eu voltava correndo, então, pra subir no terraço da minha casa, pra ver ele se pondo. A única oportunidade que eu tinha de fazer isso era no horário de verão. Não era algo que eu esperava, no entanto. No meio do ano, eu nem lembrava desse detalhe, mas quando chegava as sete da tarde e eu via o sol brilhando na parte de cima das casas, eu sabia que ele me esperava, e dez minutos depois dele se pôr, eu voltava com meus afazeres, com meus aprazeres.
Essa parte de mim provavelmente se foi. Hoje em dia eu posso ver o pôr-do-sol sempre, só de olhar pra fora da janela do Departamento de Física. Acho que talvez isso tenha contribuído para que eu não dê tanto valor quanto dava naquela época.
As coisas são assim, espetaculares em sua raridade.

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