quinta-feira, 11 de março de 2010

A Memória da Tempestade (Parte 1)

Há mais ou menos um ano, eu descobri uma das minhas verdades absolutas. E essa verdade que eu descobri, consegui descrever numa postagem intitulada "Na Noite da Chuva". Essa postagem fala sobre um acontecimento fantástico, uma bifurcação na estrada. Depois de quase um ano, e depois de muita coisa ter acontecido, vou contar a história que precisa ser contada.
Não é a história dessa bifurcação, e nem de suas conseqüências. É a história dos fatos que me levaram até ela. Como poesia, perdida no tempo, é hora de falar de um passado realmente distante.
No meio do barulho da chuva caindo, de alguns carros passando, uma família sob a marquize espera a calmaria pra continuar seu caminho. Um pai, uma mãe, uma menina no colo do pai, e um rapazinho, que a mãe segura pela mão. Trovões vão da terra para o céu em frações de segundo, e os olhos do menino parecem brilhar para eles.
Um ano depois, ele veria seu próprio sangue pela primeira vez, e vinha de perto dos olhos, aqueles olhos que já tinham visto tanta coisa... muito além daqueles raios. Naquele dia, nascia uma lenda.
Aquele dia era treze de maio de mil novecentos e noventa e dois. Para duas almas, era o dia um. Mas o dia um não era tão importante ainda.
O primeiro dia realmente importante ocorreu quase dois anos depois. Foi a primeira vez que o menino de sete anos se apaixonou por uma ruivinha de olhos verdes. Foi a primeira vez que tudo o que importava estava fora dele, e foi a primeira vez que aquela tempestade o deixou à própria sorte. Ainda assim, ele achava tempo para tirar as melhores notas da turma. Era a unica coisa que ele realmente fazia pra se divertir naquela época, e era a única coisa que chamava a atenção de quem ele realmente queria.
E o que parece uma eternidade para os homens no cárcere, para ele foi como um facho de luz, de uma estrela distante. E um ano se passou. Ele mudou de turma, e nunca mais viu aqueles cachos novamente. Alguns pensariam que isso era triste, e que, nessa idade, algo assim pode acabar com uma vida. Mas não foi bem isso o que aconteceu: tudo o que havia acontecido naquele ano mostrou ao garoto que, às vezes, responsabilidades são mais importantes do que aquilo que você sente em relação à elas. Os frutos que agora ele colhia vinham das notas que ele tinha tirado, e não do único par de olhos que ele via, que não possuíam cicatrizes.
Ali, naquele momento, ele fez a escolha pela responsabilidade, pela primeira vez. E nos anos que se seguiram, aqueles cadernos, aqueles livros, seriam a sua vida.
Enquanto isso, em algum lugar distante, passos de bebê eram dados...(continua).

3 comentários:

Leila Romano disse...

Eu sei o que vc vai falar... 'finalmente tomou vergonha na cara e vai comentar no blog.'
Pois é, tomei.
Agora to curiosa pra saber como essa história termina. ^^

Unknown disse...

Caramba! Por essa eu não esperava.
Você por aqui, "baba ovo"? huahuahua
Não se preocupa que eu vou continuar contando...

Anônimo disse...

ô maninho... você sabe bem como sou quando você divide uma história em partes, antes eu ficava sem unha, agora estou perdendo os dedos,rsrs... espero a continuação... saudadesss