domingo, 15 de junho de 2008

O jardineiro mau-otimista

Eu queria ser um bom otimista, mas não sou...
Não que isso venha a ser uma coisa ruim, eu ainda sou um mau otimista. Ainda acredito que de uma forma interessante as coisas melhoram a cada dia. De uma forma interessante o mundo sempre há de mostrar algo aos meus olhos que eu nunca tinha visto antes.
Acho que às vezes gostaria de ter forças pra tentar algo mais, mas ando tão ocupado... Tão ocupado com coisas que aprendi a aceitar como obrigações - coisas que, aliás, sempre me deram prazer - , como desculpas para fugir dos meus sonhos.
Sempre pensei que se eles morressem antes que eu me apegasse a eles, seria extremamente feliz. Eu ainda acredito nisso, pois sou um mau otimista. Acredito que, se eu não vivo, é por uma troca justa. Afinal, mortos não sentem dor...
Acabei aceitando, ao longo dos últimos anos, que tudo o que eu tenho agora faz parte da transição. Sim, não digo "uma" transição, e sim "a" transição, pois é agora que eu esqueço tudo o que eu já perdi pra essa vida. Nesse exílio é que eu posso me livrar dos meus fantasmas. Quando voltar ao mundo, direi às pessoas quantos mestres eu tive, quantos amigos verdadeiros existem longe de casa, quantas vezes a nossa sorte, ou nosso azar, nos mostrou que os vitoriosos são aqueles que não cometem os mesmos erros, não perdem as mesmas derrotas, não desistem de realizar tarefas impossíveis, só porque às vezes não pareça que vão conseguir...
Nesse exílio eu aprendi que não há glória, pois acabei de plantar as sementes, quando removi da minha terra todas as ervas daninhas. Não corro atrás da borboleta, pra plantar o jardim.
E, pra quem entende o que eu digo, deixo um recado a todos os jardineiros que conheço e admiro: "Hoje de manhã, podei as minhas roseiras."

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